quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

CORTES DA ILUMINAÇÃO PÚBLICA

Na noite da passagem de ano, cerca das 03h00, após sair das instalações da Associação Cultural e Recreativa de Mourilhe, local onde passei o “Fim de Ano” com os meus familiares e amigos, toda a aldeia estava mergulhada numa profunda escuridão, tornando-a num Lugar medonho, aflitivo e pungente.
Não fosse estar acompanhado teria medo! Rapidamente percebi, a situação financeira da autarquia e o consequente aumento das despesas com a energia eléctrica, em virtude da subida do IVA, não deixam alternativas ao corte da iluminação pública.
A medida do corte da iluminação pública durante a noite, tomada pela nossa autarquia, representa, com certeza, uma boa parcela de gastos públicos que, nesta fase, importa poupar. Mas, caramba, não é a iluminação pública essencial à qualidade de vida nas aldeias, vilas e cidades, actuando como instrumento de cidadania, permitindo aos habitantes desfrutar, plenamente, do espaço público no período nocturno?
Além do simples facto de iluminar e deixar ver, a iluminação pública não previne a criminalidade? Não embeleza as áreas urbanas? Não destaca e valoriza monumentos, prédios e paisagens? Não orienta percursos e aproveita melhor as áreas de lazer?
Ora, de facto a evolução e melhoria da qualidade dos sistemas de iluminação pública tem-se traduzido numa melhor imagem das nossas aldeias, vilas e cidades, favorecendo a segurança, o turismo, o comércio, e o lazer nocturno, ampliando a cultura do uso eficiente e racional da energia eléctrica, contribuindo, assim, para o desenvolvimento social e económico das populações.
Não tenho dúvidas de que há muitos locais no nosso concelho com iluminação pública exagerada e até desnecessária, que representa um custo elevado para a autarquia e consequentemente para todos nós. Não tenho dúvidas que é possível e necessário reduzir os custos da factura energética com a iluminação pública, mas o corte total e absoluto da iluminação em determinados períodos da noite, nas povoações, será a melhor solução? Não seria melhor atacar os excessos e apagar só as lâmpadas onde se revelem desnecessárias?
Que diria hoje aquele que disse: «faremos electricidade tão barata que apenas os ricos queimarão velas» (Thomas Edison)?

Z Tomás

1 comentário:

  1. Caro Sr. Z. Tomás, numa noite de passagem de ano seria sim justificável manter-se a iluminação do espaço público. Contudo, e uma vez que a sua estupefação foi extensível a todos os períodos noturnos, devo comunicar-lhe, por esta via, que não sendo de todo comum a circulação de transeuntes pelas ruas púbicas num horário entre as 03.00 h até ao alvor da madrugada, é pertinente que a autarquia de Mangualde decida reduzir os excessivos gastos com a iluminação de espaços essencialmente rurais, onde os monumentos de interesse histórico e arquitetónico são praticamente inexistentes, onde a criminalidade não terá qualquer incidência em aglomerados populacionais de caráter estritamente familiar, onde a paisagem definida por hectares de floresta continuará, independentemente da iluminação, a identificar-se como um cenário negro.
    Caso o Sr. não esteja ainda sensibilizado para o fator CRISE que se atravessa em Portugal a uma escala descomunal, devo informá-lo de que esta medida tomada pela Câmara Municipal é, sem dúvida, uma medida inteligente, contudo ainda ínfima para a dimensão do caos em que o país está mergulhado. Lembre-se de que são pequenas medidas como esta que, sem de forma alguma perigarem a sobrevivência das pessoas, impedirão o desemprego de tantos funcionários públicos trabalhadores nessa edilidade. Se por acaso o Sr. tiver familiares a laborar na autarquia de Mangualde, certamente não desejará o seu eventual infortúnio, pois não?

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